quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Fecundando idéias


Fecundando idéias, fecundando sonhos, desenvolvendo lugares, amadurecendo desejos, entendendo o porquê de algumas coisas, o porquê das cores do arco-iris e procurando cabelo em ovo, por que não?
Quero parir estórias de cócoras, parir o que se sente ao descobrir a graça daquela música, até então sem graça, a dimensão que ela toma, não sentida na primeira "ouvida", e amá-la por osmose, pelo fato de ter dado a chance de permti-la no momento certo e o momento certo nem sempre é o primeiro, às vezes é preciso esperar e esperar.
Quero amamentar a presença dos meus amigos, a curiosidade dos meus alunos, as viagens que me apresentaram novos cheiros, o cheiro dos livros que me proporcionaram as melhores viagens. Dos meus seios escorrerão a seiva e ao bebê-la, eles comungarão com a minha essência.
Depois é chegada a hora de ensinar aos meus pensamentos a falar a língua da liberdade, o esperanto que não deu certo, a importância de sermos quadrúpedes antes de bípedes, a sentir a forma das coisas com a língua, salivando-as, mesmo que não haja dentes para mordê-las. E quando os dentes surgirem, que logo se aprenda a lidar com eles, já que são as cortinas e as armas da nossa cara: quando abertos expressam o bom da alma, fechados podem arrancar pedaços dela.
E vem o momento da alfabetização, do casamento das letras na imaginação. Momento de conhecer a generosidade das consoantes em receber o som das vogais, e certas horas ser como o "H", que sozinho não soa, incorporando o som da primeira vogal que encontra pela frente. Ou então, casar-se três vezes: com a curva "Ch", com o ângulo reto "Lh" e com o traço "Nh", cultivando a realização plena com o que cada um lhe oferece.
Uma vez alfabetizada, o futuro é um mistério, e apenas os sonhos e o tempo o alimentam. O mundo tem as portas escancaradas e posso ser árvore ou pássaro quando bem quiser. Claro que a essa altura, na rosa dos meus trinta e dois anos, algumas escolhas já convivem comigo e estamos dando conta do recado, na medida do possível, mas quero mais, quero muito mais, cada vez mais, mais e mais. Quero a intensidade, a verdade, o vermelho e o azul vivos em cada momento vivido.

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